É logo ali, está vendo? Não? É que muitos bares em São Paulo são mesmo secretos. Eles funcionam ao estilo speakeasy, ou seja, são bem discretos.
O termo foi criado nos Estados Unidos, na década de 1920, quando a venda de bebidas alcoólicas era ilegal – e, por isso, os botecos funcionavam secretamente.
Seguindo essa linha, bares paulistanos permanecem escondidinhos: para entrar, é preciso descer escadas, explorar subsolos e até passar por uma porta de frigorífico.
Chegar até eles pode não ser tarefa tão simples, mas o Giraí te ajuda a encontrá-los. Porque, uma vez lá, o passeio vale muito a pena.
SubAstor
Um dos primeiros da cidade a explorar a pegada de speakeasy, escondidinho no subsolo do bar Astor, em Pinheiros. Para chegar até ele, é preciso descer alguns degraus e atravessar uma cortina. Tudo para encontrar um ambiente aconchegante, com luz baixa, poucas mesas e um balcão que chama atenção por sua iluminação. Ali, a maior atração é a carta de drinques.
Assinada pelo italiano Fabio La Pietra, a seleção de coquetéis vem explorando cada vez mais ingredientes nativos do Brasil. O Bacuri é uma mistura do gim Genever Boompjes, xerez, polpa de bacuri e bitter de laranja e o batizado de Açaí leva bourbon Bulleit, tequila, açaí, abacaxi, acerola e fava tonka (conhecida como a baunilha brasileira).
Outra sugestão, o Tereré é preparado com rum claro, cachaça, licor Saint Germain, limão-siciliano, chimarrão e doce de cambuci. A equipe de bartenders também executa clássicos da coquetelaria – basta pedir.
Para comer, há porções como a de batata-doce frita servida com coalhada e a de croquetas de pupunha fresca, queijo da Serra da Canastra e limão-siciliano. O steak tartare picado na ponta da faca é servido com gema curada e acompanhado de mandiopan.
Em 2019, o SubAstor passou a assinar também o cardápio do Bar do Cofre, que ocupa um antigo cofre bancário instalado no subsolo do Farol Santander (o edifício Altino Arantes, popularmente conhecido como Banespão).
Bar do Cofre
Com a mesma administração do SubAstor, o Bar do Cofre busca um clima mais secreto. Descendo as escadas no lobby do Farol Santander, o cliente se depara com um antigo cofre do Banco do Estado, hoje transformado em bar.
As reservas são disputadas. Quem está familiarizado com o cardápio do SubAstor irá encontrar drinks conhecidos, mas existem receitas exclusivas. O The Hidden, por exemplo, é gaseificado e vem em um copo alto com gelo, uísque, chá rooibos, vermute tinto e Campari.
Bar dos Arcos
Não tão secreto, mas subterrâneo: o bar fica embaixo do Theatro Municipal e foi inaugurado no fim de 2018, quando Facundo Guerra revitalizou o espaço.
A atmosfera do lugar já vale a visita. Valorizando a arquitetura original, os arcos romanos do início do século 20 são a estrutura. A decoração minimalista, com balcões inspirados no filme “O Iluminado”, envolve os clientes. E os drinnks são os verdadeiros atrativos.
Após um espetáculo, que tal uma bebida? A casa tem no menu opções como o autoral Madame Butterfly, com saquê, Cynar, hortelã, suco de grapefruit e ginger beer. O Turandot, servido em um bule de chá, tem infusão de camomila, Bombay Saphire, mandarim napoleon, espumante e perfume cítrico.
Fachada
Quem anda pela rua dos Pinheiros durante o dia pode nem notar a fachada discreta do… Fachada. O bar leva o conceito de speakeasy a sério. Divulgado apenas no Instagram (@fachadabar), a casa propõe que o cliente encontre o lugar secreto.
É mesmo à noite que a calçada fica cheia de pessoas que aguardam ansiosamente seus bons drinks, que são entregues pela janela.
Depois da meia-noite, a porta é fechada, e o público vai para o salão interno. O ambiente, escurinho, tem um balcão comprido. Nos fundos da casa, há uma pista de dança que recebe DJs. Lá, a parede é decorada com grades de ferro e plantas.
Os drinks saem do bar com recadinhos pregados nos copos – o que dá um charme extra às bebidas. São frases bem-humoradas, como “a bebida só é um problema se o copo estiver vazio”.
Entre as receitas autorais, há releituras de clássicos. É o caso do Negronela, que é um negroni (gim e vermute tinto) com licor de cacau e canela em pau.
Já o G&T Fachada adiciona aos clássicos gim e tônica laranja, angostura orange e pimenta-rosa.
Outra boa pedida é o Bagordo, que leva gim, vodca, angostura, limão, espumante e gengibre.
Se você gosta de provar sabores mais exóticos, vá de Rabo que Treme, que leva cachaça de jambu (vale lembrar que o jambu amortece um pouco a boca), vermute tinto e suco de limão-siciliano.
Quando a fome bater, peça uma bruschetta. A chamada de Fachada tem gorgonzola, nozes e mel, enquanto a Zuchinni leva abobrinha e cream cheese.
Há também porções, como a de dadinho de tapioca, e sanduíches, caso do que vem com mix de cogumelos, queijo brie e rúcula.
Câmara Fria
O que parece ser a porta de um frigorífico no Bar Original, em Moema, na realidade é a entrada de uma cervejaria secreta. É o primeiro speakeasy dedicado a cervejas artesanais e chopps, a especialidade da casa.
O Câmara Fria tem dez torneiras de onde escorrem os chopps artesanais, além de uma carta com 25 cervejas nacionais e importadas. A pizza do vizinho Bráz faz uma participação no cardápio de comidas, junto com a porção de coxinha e o mix de nuts, entre outras opções para petiscar.
Cava Bar
O Cava Bar fica embaixo de uma casa construída na década de 1930. Pequeno e íntimo, o local aposta em drinks clássicos e releituras, servidos em um balcão de concreto. Há ainda vinhos, saquês, cervejas e doses.
O Cava Cocktail, uma das receitas da casa, combina espumante Cava Jaume Serra, brandy de jerez fundador, angostura e um cubo de açúcar.
Raiz Bar
Fica escondidinho, no porão do restaurante Jacarandá, esse bar super charmoso. O Raiz é um speakeasy tradicional que tem shows intimistas de jazz e ótimos drinks.
O ambiente é pequeno e bem escurinho, que faz todo mundo se sentir confortável. O escuro, na verdade, só é quebrado pelo balcão, que tem uma luz laranja e vibrante – fica lindo! Dá para se sentar ali no balcão ou em um dos sofás vermelhos. Há ainda um pequeno palco para os shows de jazz.
Quem assina a carta de drinks é Laércio Zulu, também do Candeeiro e do Obelisco. Ele criou coquetéis autorais, como o que leva o nome da casa e combina gim envelhecido em amburana, licor de amora, vermute, mel e espumante.
O Banzeiro leva cachaça envelhecida em amburana, açúcar, limão, camada de vinho tinto e espuma de gengibre, enquanto o Mãe D’Água tem vinho espumante, cachaça, creme de coco, chá branco e geleia de morango artesanal.
Se bater a fome, o Raiz tem alguns petiscos que vêm do cardápio do Jacarandá. Tem bolinho de arroz com queijo na canastra e trio de empanadas, recheadas com carne, queijo da canastra e palmito pupunha, entre outras opções.